bem, pra resumir, o parto foi um horror, completamente o inverso do que eu tinha sonhado e planejado.
vocês devem lembrar que decidimos fazer o parto numa maternidade em campinas, pois “casa de parto” só existe em são paulo (SUS) e parto domiciliar eu não queria, não me sentiria segura aqui no fim do mundo em vinhedo. achamos uma médica que privilegia o parto normal e topou seguir nosso plano: parto natural, intervenção mínima pra mim e pro bebê. na medida do possível, é claro, porque afinal estaríamos num hospital.
acontece que chegamos à 41a semana e 3 dias e nenhum sinal de dilatação. a médica então sugeriu que fizéssemos uma indução química, como é de praxe no SUS (e ela faz com frequência) caso o colo do útero esteja favorável. como era o meu caso, aplicamos a medicação no colo do útero no dia 26/ago às 15:30h e voltei pra casa. as contrações começaram às 18:30h, de 3 em 3 minutos, com duração de 30seg a 1min. fomos para a maternidade às 21h, e nada de dilatação. o bebê estava bem, então ela aplicou a medicação novamente (ainda dentro do plano) para ver se nas próximas 6h eu entrava em trabalho de parto.
nada mudou nas contrações, mas às 5 da manhã minha bolsa estourou e o líquido era verde escuro. as contrações estavam sem intervalo, e muito intensas. neste ponto, o batimento do bebê estava OK, mas quando a médica chegou ao hospital depois de 30min os batimentos dele começaram a cair, minha dilatação ainda era nenhuma, e decidimos fazer uma cesárea de emergência. esquema de emergência mesmo, tudo corrido, intenso e difícil.
o otto nasceu com apgar 1 (e recuperou para 7 no 5o minuto de vida), e foi direto para a UTI. o que significa na prática que ele podia ter morrido ou ter ficado com sequelas – houve pressionamento de cordão umbilical, impedindo o oxigênio de chegar ao bebê. foi assustador, e muito difícil. fui ver meu filho depois de mais de 12h do parto, e ele ficou na UTI por 8 dias.
a recuperação dele foi ótima, no fim ele ficou na UTI para garantir que não houve nenhuma sequela detectável nesta fase. todos os exames dele estão 100% e ele está ótimo. começou a mamar no peito já na UTI sem nenhuma dificuldade e se desenvolveu muito bem. ou seja: por agora, não há motivo pra preocupação, basta acompanhar o desenvolvimento dele normalmente.
mas sair do hospital sem ele foi difícil; ficar internada visitando meu bebê na UTI foi horrível; o medo de ele poder ter alguma sequela por conta do ocorrido foi um pesadelo. foi tão punk que eu me lembro de tudo como se fosse um filme, passado com outra pessoa.
e afinal, o que aconteceu neste parto? poderia ter sido diferente? talvez sim. poderíamos é claro ter feito uma cesárea na 40a semana, mas essa nunca foi nossa opção. poderíamos também ter esperado mais e não induzir o parto, mas essa opção não era confortável pra nossa médica. no fim, fizemos o que achamos correto, e não acho que fizemos nada errado. aconteceu porque aconteceu, e felizmente tivemos um final feliz.
tudo isso, enfim, pra me ensinar que planejar demais não serve pra nada. podemos planejar tudo nos mínimos detalhes e um evento mínimo pode mudar tudo.
fiquei triste e frustrada por não poder passar pela experiência de um parto natural, sim. como não vou engravidar de novo, já era. mas depois de tudo que passei, percebo que importante mesmo é o bebê estar bem e saudável, o resto é secundário. a frustração passou, e o otto está aqui com a gente 100%.