No dia das mães eu só quero comentar que criar humanos é uma tarefa imensa, e com zero reconhecimento para as mulheres que o fazem.
Além do zero reconhecimento, tem a cobrança, porque A MÃE, o arquétipo, é pesadíssimo, e todas nós que por opção ou imposição criam humanos, somos massacradas pelas expectativas.
Tem um filho só? “Quem tem um não tem nenhum! Vai ser mimado!”
Tem 3 filhos? “Não tem televisão na sua casa não?”
Trabalha? “Olha lá, terceirizou o filho!”
Não trabalha? “É madame, sustentada pelo marido”
Tem interesses próprios, pra além da maternidade? É sexualmente ativa? VIXE. Nem preciso exemplificar né? Afinal sinônimo de mãe é SANTIDADE.
E se seu filho não for o padrão da criança esperada, padrão, a culpa é da mãe, claro.
Criar humanos demanda uma carga mental e física enorme, por muitos anos, que só quem faz a tarefa é que sabe. E se fosse só o trabalho já seria puxado, mas com a cobrança toda, olha… difícil.
Eu ia falar só isso mesmo, mas no processo lembrei que pra piorar, sempre tem quem diga “quem pariu Mateus que o embale! Quem mandou ter filho?”.
Pra uma enormidade de mulheres, o governo mandou. Elas engravidam, os homens desaparecem, e elas são obrigadas a ser mães.
“Ain mas anticoncepcional…”. Sugiro estudar e entender que esse discurso coloca sobre as mulheres toda a responsabilidade de evitar gravidez, além de ser super moralista. Ele vem junto com a frase “na hora de fazer tava bom, né?”. Não sejam essa pessoa.
Para as que escolheram, como eu, ninguém mandou — eu quis viver essa experiência, sabendo que tem prós e contras. Isso não significa que estou OK com estranhos me cobrando e tratando a maternidade como uma punição.
Lembrando que absolutamente nada do que descrevi aqui acontece com homens. NADA. Você pode ser ou deixar de ser pai, abandonar filhos, e é vida que segue.
Então neste dia, ao menos pense sobre o quanto podemos melhorar como sociedade pra que ser mãe não seja tão pesado. E que quando fizermos isso, a escolha de NÃO SER mãe também será mais leve e natural.