fabricando

L’eau du chou

June 14, 2020 · Leave a Comment

Procure alguém que te ame como Otto ama repolho cru, gente.

É a comida favorita dele, de longe. Pode faltar qualquer coisa nessa casa, menos repolho (verde ou roxo, ele ama os 2). Tem que ter todo dia, é um inferno, mas enfim, tá bom. Podia ser mandioquinha e teríamos problemas. Repolho é uma comida que tem em tudo que é canto, acho.

Otto gosta de comer coisas com a mão, pegando direto do próprio prato, e se recusa a usar faca porque “sou criança e é perigoso” 🙄 modosque a despeito da insistência dos pais para que ele use a faca pra ajudar o garfo e a insistência da mãe, a louca do guardanapo, pra que ele use o dito cujo, ele limpa a mão NA ROUPA.

Otto colocando o finzinho da salada de repolho no garfo, com a mão:

Eu: “Gato… usa a faca. Ou pelo menos limpa a mão no guardanapo! Senão sua roupa fica toda suja de comida!”

O: “mas aí é até bom, imagina a roupa com cheirinho de repolho? Melhor perfume!”

Ah, gente, não, amor tem limite.

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#socorro

June 14, 2020 · Leave a Comment

Otto tá apaixonado (e viciado) pelos youtubers de MineCraft e Lego games. Um horror, porque eles gritam loucamente, não se entende metade do que falam e conteúdo é raso que só, porém, PANDEMIA, vai ver o que ele gostar mesmo e paciência.

Aí que ele aprendeu a usar a frase “hashtag (X)”, sendo X qualquer coisa. Pra me atormentar, né, porque ODEIO uso de hashtag #como #de #fosse #vírgula, por motivos técnicos de indexação de dados.

Estamos jantando hambúrguer e batatas fritas feitos por nós, e:

O: “peguei hashtag A ÚLTIMA BATATA, hahahaha!”

🙄

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Blasé

June 7, 2020 · Leave a Comment

Olha, a gente pode fazer (e fez, certeza) muita coisa errada na criação desse menino, mas a autoestima é um espetáculo 🤣

Eu: “Otto, te falei que nota de matemática veio no seu boletim do 3o ano?”

O: “não. 10?”

Eu: “aqui não é assim de 0-10, mas foi um A+, excelente! Parabéns!”

O: “ah, legal!”

🤣🤣🤣

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Proteína

May 24, 2020 · Leave a Comment

Otto ontem no banho:

O: “mamãe, por que os humanos precisam comer carne?”

Eu: “eles não precisam, mas a proteína é boa pra nossa saúde e um pedaço pequeno de carne tem muita proteína. Por isso especialmente na fase de crescimento comer carne ajuda.”

O: “tipo… um pedacinho de carne são uns 10 feijões?”

Eu: “hahhahahhaa, um pouco mais de feijão!” (/Leônidas mode on)

Eu: “mas quando você for adulto, se quiser pode ser vegetariano. Muitas pessoas são! Enquanto isso a gente vai comendo a proteína que você gosta. Que carne você gosta?”

O: “coxinha! A carne da coxinha eu gosto.”

(Hahahahhahahhaha!)

Eu: “e sushi?”

O: “ah, gosto!”

Eu: “e churrasco?”

O: “gosto também.”

Eu: “então tá fácil :D”

Acho que um dia ele será vegetariano sim, quando tiver idade pra decidir e entender as trocas que precisa fazer pra continuar bem alimentado. Enquanto isso, vamos de coxinha, sushi e churrasco 😀

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“Meia” lerda, eu

May 19, 2020 · Leave a Comment

Otto está estudando frações, e ele é excelente nesse assunto, dá gosto de ver (pra compensar o desastre que é pra decorar tabuada. E muito me identifico — não soube e não sei de cor até hoje, eu calculo TODAS acima do 6).

Ontem à noite eu tive um problema de frações enquanto fazia pão — precisava colocar 2/3 de xícara e, distraída, coloquei 1/2 xícara. Comecei a discutir com o Fer — bom, e agora? Quanto adiciono pra completar os 2/3?

Depois de algumas elaborações ele disse “falta 1/6!” e eu trouxe outro probleminha — só tenho xícara de 1/3. “Divide na metade então!”. Nenhuma dessas conclusões foi imediata, tipo PÁ-PUM. Ambos tivemos que pensar um pouquinho.

Hoje no almoço decidi colocar o problema pro Otto ver que frações se usam no dia a dia, especialmente na cozinha. Expliquei a 1a parte do problema, ele respondeu “ué, coloca um pouco mais além da 1/2 xícara, assim ó:” (e mostrou um tico com a mão).

Eu: “Mas quero saber a fração. Quanto preciso adicionar?”

O: “1/6, ué.”

=O

Eu: “pera, que tem a 2a parte do problema. eu só tenho um medidos de 1/3, não tenho de 1/6. quanto coloco pra completar os 2/3?)

O: “metade, ué!”

😀

Não é muito legal quando o filho tem 9 anos e já faz fracionamento melhor que você? 🙂

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Flor do Lácio

May 18, 2020 · Leave a Comment

Semana passada Otto estava fazendo uma tarefa de inglês pra aprender palavras compostas (vocabulário mesmo), e foi super divertido notar como inglês é um idioma literal. “Doorknob” (knob = apêndice arredondado; door = porta) ou seja MAÇANETA. “Firefly” (fly = voar ou mosca; fire = fogo), ou seja, VAGALUME ou PIRILAMPO. “Firefighter” (fire = fogo, fighter = lutador) ou seja BOMBEIRO.

Gente, não é demais?! 🤣🤣🤣 Otto inclusive achou “fácil demais”, e é. Pragmático.

Até aí, tudo bem. (Te dedico, Fernando)

Mas chegou em “Jellyfish” (jelly = geleia, fish = peixe), e Otto não curtiu. “Mamãe, água-viva não é um peixe! Por que colocaram um FISH aí??”

Minha explicação é que como vive na água, pra facilitar, chamaram de peixe. E começamos uma conversa sobre o que é ou não considerado peixe (e eu tive que ir pro Google porque é claro que não me lembro).

E a língua portuguesa, que coisa mais linda do mundo, né? Muito poética e divertida. Água-viva, pirilampo, maçaneta, que lindezas.

❤️❤️❤️

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Dia das mães

May 6, 2020 · Leave a Comment

Vi uma amiga falando sobre ser mãe / amor, e a opção de não ser mãe, lembrei que o dia das mães tá chegando (é isso né? Já tou meio perdida) e não quero entrar mais na treta de quem é mãe quem não é, porque percebi que uma das questões fundamentais da maternidade parece ficar escondida nessas tretas. E é dessa questão que quero falar.

Ser mãe é FUNÇÃO, e é muito menos sobre amor e mais sobre cuidado e dependência / responsabilidade em formar outros humanos. Amar é um sentimento, é subjetivo e impossível de discutir. Cuidado e dedicação para formar alguém são coisas concretas, e é nessa esfera que a coisa fica complexa quando se trata de maternidade: pra quem nunca cuidou de um bebê humano até que ele tenha independência suficiente pra sobreviver sozinho fora de casa, é impossível explicar o que isso significa. E não faz diferença se você pariu o bebê, se ele chegou na sua casa com 3 anos ou 11 anos — o cuidado 24/7 que um humano não-adulto requer é absurdamente diferente do cuidado que qualquer animal de estimação da sua escolha requer; é muito diferente também do cuidado que um humano adulto requer (e não estou dizendo que cuidar de animais de estimação nem adultos é fácil. Só é completamente diferente). A diferença fundamental é que uma mãe não faz só atividade de cuidado para sobrevivência, ela forma outro humano, ela transfere pra ele uma quantidade absurda de conhecimento.

Criar humanos para te tornarem adultos é uma tarefa exaustiva, física e emocionalmente, e muitas vezes com pouco retorno afetivo, o que requer que a mãe encontre energia e força e autoestima sabe lá de onde pra seguir. A natureza é muito inteligente, por motivos de evolução, e os nossos filhos nos fazem sentir um amor sem explicação, irracional, mesmo diante das situações em que qualquer pessoa sã sairia correndo ou ligaria pro homem do saco pra buscar a criatura.

Não dá pra sair pra dar um rolê na esquina, deixar água e comida pro bebê enquanto você espairece. Não dá pra pedir pro vizinho ir lá uns minutos por dia dar de comer / beber e brincar com o bebê quando você viaja. Aliás, não dá pra colocar comida no potinho, né. Não dá pra fechar a porta quando a criança quer atenção, não dá pra deixar pra lá as 3 refeições por dia, nem a troca de fralda a cada 2 ou 3h, nem os chamados durante a madrugada, nem as reuniões de escola, as perguntas intermináveis, os ensinamentos mais básicos que você jamais sonhou que precisavam de tanta insistência.

Você já pensou em como uma pessoa aprende se limpar depois de ir ao banheiro? Ou os passos que precisamos seguir no banho pro corpo ficar limpo? Ou como segurar um garfo, como subir uma escada, como sentar, como passar fio dental, como abrir e fechar portas e gavetas sem se machucar? E como funcionam as relações, os protocolos (verbais e não verbais) de comunicação, já pensou?

Imagine que absolutamente TUDO que você sabe, alguém te ensinou, nem que seja fazendo pra você repetir depois, observando de você conseguiu sem se machucar ou machucar os outros.

Diferente dos demais animais, nós não carregamos geneticamente tudo que precisamos saber para sobreviver no nosso meio. Precisamos de alguém — a mãe, no caso, já que a tribo toda que ajudava nisso se esvaziou! — que nos ensine a ser humanos.

Ser mãe é ensinar mini humanos a ser humanos, sobreviver e ajudar a sociedade. Não é só amar, alimentar, cuidar. É FORMAR. Humanos são formados, eles não nascem prontos. Ouvi dizer que há um ditado africano que diz que “é preciso uma vila toda para criar uma criança”, e não é de trocar fralda e dar de comer que isso se trata; é sobre tudo que é preciso ensinar um humano além do básico para a sobrevivência.

Se a tribo existisse e fosse parte da formação dos mini humanos, a mãe humana não seria tão sobrecarregada e nem tão romantizada. A mãe é obviamente importante pra qualquer criatura, mas no caso dos humanos a tribo é ainda mais importante (e preserva a saúde física e mental da mãe). Sem a tribo, a mãe é uma infeliz sobrecarregada que não tem nem como encontrar a felicidade do amor materno, porque ninguém consegue ser feliz com tanta cobrança e tarefas impossíveis.

Mães que têm pais, amigos e família que compartilham a tarefa de criar novos humanos são cada vez menos frequentes. A maioria delas cria seus filhos sozinha, sem companheiro e sem tribo. E ainda tem que fingir que tudo está bem, porque afinal “quem pariu Mateus que o embale” e “nossa, como pode reclamar dos filhos, o maior amor, amor incondicional?!”.

A sociedade é cruel, e é hipócrita. Não à toa inventaram a horrorosa frase “ser mãe é padecer no paraíso”. Não tem paraíso nenhum, e mães padecem porque são sozinhas e invisíveis.

Então quando vejo alguém comparando mães de humanos com “mães” de outros animais, de plantas (!), sei lá, de levain (deve existir; é um ser vivo que precisa de cuidados, afinal), me dá cansaço e tristeza, porque esse tipo de comparação só reforça a ignorância sobre o que significa criar outro humano, e sobre a carga pesada que as mães carregam na sociedade.

Nesse dia das mães, aproveite pra agradecer sua mãe por tudo que ela fez e faz, caso ela tenha tido resistência pra sobreviver à tarefa sem grandes problemas; pergunte pra suas amigas como é essa tarefa de ser mãe, como elas se sentem.

E se você é mãe, não preciso nem dizer nada, você sabe. Obrigada por (tentar) ajudar a colocar mais humanos decentes nesse mundo tão cheio de problemas. Que esses novos humanos sejam melhores que nós.

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X-factor

May 6, 2020 · Leave a Comment

Estamos assistindo X-Men com o Otto, ~na ordem em que foram lançados os filmes~ porque a criança é metódica, e é ao mesmo tempo uma dor e um prazer assistir com ele, observando as perguntas e em quais partes ele sente mais.

Acabamos de ver “First Class”, e vimos antes “The last stand”, que foi o mais sofrido. É inconcebível pra ele tirar os poderes dos mutantes, e não só porque eles ficariam sem poder, mas porque ele não entende como podem querer tirar de alguém aquilo que torna a pessoa o que ela é. Ele imediatamente entendeu o ponto do Magneto (não precisam de cura alguma) mas ao mesmo tempo acha que ele não precisa matar todo mundo. “Eles podem usar a cura só em quem é um perigo pra si e pros outros”, como a Rogue ou a Jean Gray versão Dark Phoenix.

Ele chorou quando a Mystique foi “curada”, e também quando Magneto perdeu os poderes. É como se eles não fossem mais eles mesmos, e tivessem morrido (e a gente não morre mesmo um tanto quando deixa de ser a gente mesmo pra se adequar?).

Temos visto tudo em inglês com legenda (não tem dublagem nem legenda em português aqui), e ele pergunta muita coisa de vocabulário, expressões. Hoje ele quis saber o que é “accept yourself”, e explicamos. Ele pareceu confuso — como alguém pode não aceitar a si mesmo? Perguntei se ele gostava de quem ele era, e se mudaria. Ele muito prontamente disse um NÃO bem firme. Ele gosta de ser quem é.

É bonito — e espantoso, pra mim — ver uma criança tão segura, tão confortável sendo quem é. Porque não se trata só desse momento vendo o filme, ele realmente tem uma autoconfiança excelente. Tem medo de errar, mas não é pelo que outros vão pensar, não é pra agradar. É a régua dele mesmo que é dura demais.

(Pobre dele. Perfeccionismo causa tanto sofrimento!)

Mas voltando — que série bonita, a dos X-Men, pra pensar sobre preconceito, sobre se adaptar para caber. Gosto demais da postura do Magneto (embora os métodos sejam… questionáveis, como diz o Fernando). Ele não quer se adaptar, é pouco pra ele. Ele quer dominar, ocupar o espaço, liderar e ser plenamente a maravilha que é.

Tá errado?

É louco ter que explicar pro Otto que vários mutantes ali fazem o que fazem pra tentar agradar os outros, pra se “camuflar”. Ele não entende a necessidade, porque pelo menos até o momento não se viu nesse dilema: do que vou abrir mão pra ser amado? Que manobra preciso fazer pra ser aceito?

Sinto ao mesmo tempo um orgulho e felicidade pela sua auto-estima tão forte e uma ternura e medo enormes, porque alguém vai machucar essa fortaleza, em breve, é inevitável. E vai doer em mim também.

Entendo agora quem quer os filhos pequenos pra sempre. O mundo é vasto, e complexo. A noite é longa e cheia de horror.

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DSCLP PLANETA

May 4, 2020 · Leave a Comment

Otto briga pra entrar no banho, e depois briga pra sair. Haja água — Fernando e eu compensamos tomando banho mais rápido (eu em no máximo 10min lavei tudo, inclusive cabelão).

Ontem, de novo:

Eu: “vamos Otto, pode sair que você já lavou tudo!”

O: “mas eu quero ficar mais, mamãe! É na hora do banho que eu PENSO NA VIDA…”

HAHAHHAHAHHAHAHA!

Deixei. Todo mundo precisa pensar na vida. Foi mal, planeta.

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Funções cerebrais

May 3, 2020 · Leave a Comment

Otto assistindo Wolverine, e quando chega no final que ele leva um tiro de bala de adamantium na cabeça e perde a memória (não entendemos até hoje, mas):

O: “nossa, que bom que ele ainda lembra as palavras e o que elas significam, né?”

Ele não foi sarcástico, ainda não tá na idade. Mas basta aguardar, e vai ficar igual ao pai Fernando e o tio Gui, um estraga prazeres 藍

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